quinta-feira, 29 de junho de 2017

CASA DE DEUS, A


CASA DE DEUS, A – Nos tempos do Velho Testamento, a casa de Deus era um edifício feito de pedras e madeira e coberto de ouro (1 Rs 5-6). Mas hoje no Cristianismo, “a casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo” (1 Tm 3:15) é uma “casa espiritual” composta de crentes no Senhor Jesus Cristo, que são vistos como “pedras vivas” na sua construção (1 Co 3:9b; Ef 2:20-21; Hb 3:6; 1 Pe 2:5).
Cristãos frequentemente se referem (erroneamente) ao prédio ou salão da igreja deles como a casa de Deus. Um caso vem à mente de um irmão que estava triste com as crianças que estavam correndo e brincando no corredor após uma das reuniões bíblicas. Ele disse: “As crianças não deveriam estar correndo por aqui; esta é a casa de Deus!” Mas essa observação significa pensar na casa de Deus da mesma forma que ela era no Velho Testamento, no judaísmo. Mas, como foi dito, a casa de Deus nesta dispensação Cristã não é um edifício físico feito pelas mãos dos homens, porém, um edifício espiritual. Desse equívoco vem a ideia de que, em certos horários prescritos, os Cristãos vão para a casa de Deus para adorar, por exemplo, às dez horas do domingo. Essa confusão vem das falsas ideias propostas pelo catolicismo e pela teologia da Reforma. A verdade é que “somos” a casa de Deus (Hb 3:6) e estamos “na” casa de Deus (1 Tm 3:15) em todos os momentos – 24 horas por dia, sete dias por semana – não apenas quando estamos reunidos com outros Cristãos nas reuniões bíblicas. (Nem devemos confundir “a casa de Deus” com a “casa do Pai” – Jo 14:2-3. A casa de Deus é algo na Terra, enquanto que a casa do Pai é algo no céu.)
A Igreja, vista como a casa de Deus, é o vaso de testemunho de Deus na Terra para mostrar o verdadeiro caráter de Deus diante do mundo. O apóstolo Pedro afirma isso em sua primeira epístola. Depois de declarar que os crentes são “casa espiritual” de Deus, ele continua dizendo que, como tal, somos responsáveis por anunciar “as virtudes daqu’Ele” que nos chamou “das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:5-9). Então, assim como podemos aprender certas coisas sobre o ocupante de uma casa, olhando para a sua casa, da mesma forma os homens deveriam ser capazes de olhar para a casa de Deus e conhecer o Seu caráter. Se o jardim estiver descuidado, se há lixo por toda a parte, se a casa precisa de pintura etc., tudo isso nos dá uma visão sobre o tipo de pessoa que vive lá. Por outro lado, podemos ver uma casa bem cuidada (por aquilo que nossos olhos conseguem discernir) e concluir que o proprietário provavelmente é uma pessoa bem ordenada. Assim, Deus deseja que Seu caráter seja visto na ordem de Sua casa. Uma vez que somos casa de Deus, o mundo deve estar apto a observar nossa conduta e maneiras e conhecer o verdadeiro caráter de Deus.
Essa linha de verdade é muito negligenciada. Muitos Cristãos têm a ideia de que Deus não está preocupado com o que eles são exteriormente. Para eles o que está dentro é a única coisa que importa. 1 Samuel 16:7 às vezes é usado para justificar: “o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”. Mas esse mesmo versículo só reforça o ponto em que precisamos prestar atenção ao nosso testemunho exterior. Como os homens não podem ver o que está em nosso coração – só Deus pode ver isso – eles têm que olhar para o que é exterior. Certamente, o mais importante é ter uma relação com Deus interiormente por fé, mas não é a única coisa que os Cristãos precisam se preocupar. Temos uma responsabilidade em relação à impressão que causamos diante do mundo, porque nosso testemunho pessoal reflete Deus.
As duas principais características de Deus que os Cristãos, como a casa de Deus, devem manifestar diante do mundo são:
  • Deus, o Salvador – Como tal, a disposição de Deus em graça para com todos os homens deve soar de Sua casa para o mundo por meio do “evangelho da glória do Deus bendito” (1 Tm 1:11 – ARA, 2:3-6). Assim, o favor de Deus em buscar o bem e a bênção dos homens deve ser manifestado perante o mundo por aqueles que compõem a casa.
  • Deus, o Criador – Como tal, os padrões morais de Deus e a ordem moral nos papéis dos homens e das mulheres, que Ele estabeleceu desde o início da criação, devem ser demonstrados por aqueles que compõem a casa (1 Tm 2:8-15 etc.). 
A casa de Deus hoje no Cristianismo é vista na Escritura de duas maneiras:
Sob o primeiro aspecto, a casa é vista como constituída somente pelos verdadeiros crentes (Mt 16:18; 1 Co 3:9b; Ef 2:20-21; 1 Tm 3:15; Hb 3:6; 1 Pe 2:5). Uma vez que o evangelho ainda está sendo pregado e reunindo o material (“pedras vivas”), sob esse aspecto a casa é vista como estando ainda em construção e não estará completa até o último crente ser salvo e colocado na estrutura (Ef 2:20-21), quando, então, , o Senhor virá no Arrebatamento e levará a Igreja para casa no céu. Cristo é o Construtor Mestre (Mt 16:18) e “a pedra angular” da casa (Ef 2:20); sendo Ele também o “Filho sobre a Sua (de Deus) própria casa” (Hb 3:6).
Sob o segundo aspecto, a casa é vista como tendo uma mistura de crentes verdadeiros e crentes apenas professos (1 Co 3:9-17; Ef 2:22; 2 Tm 2:20; 1 Pe 4:17). Os homens são vistos como tendo parte no trabalho de construção da casa, mas, infelizmente, nem todos são bons construtores. Alguns estão construindo com bom material e outros com material ruim (1 Co 3:9-17). Tendo Deus atribuído essa responsabilidade aos homens no tempo da ausência do Senhor (Mt 24:45), muitos dos construtores têm mostrado desrespeito à ordem de Sua casa introduzindo uma ordem feita por eles mesmos. Consequentemente, todo o tipo de coisas foi trazido para dentro da casa, mas que realmente não deveria estar lá, e muita desordem e ruína tem sido o resultado. A casa de Deus, nesse aspecto, é agora como uma “grande casa”, cheia de confusão (2 Tm 2:20). Na verdade, hoje há tanta desordem na casa de Deus que há pouquíssimas coisas que ainda estão de acordo com o padrão de Sua casa conforme Sua Palavra. Deus não é indiferente a isso. Atualmente Ele julga os que estão em Sua casa de maneira governamental (1 Co 3:17, 11:30-32; 1 Pe 4:17).
Sob esse segundo aspecto, a casa é vista como “morada de Deus” na Terra. Ou seja, Ele habita nela pela presença do “Espírito” (Ef 2:22). Uma vez que o Espírito Santo está na casa (1 Co 3:16), aqueles que nela estão como meros Cristãos professos são “participantes do Espírito Santo” de uma maneira exterior, sem realmente ser habitados pelo Espírito (Hb 6:4). Esse segundo aspecto abrange toda a profissão Cristã na Terra. Assim, nunca uma assembleia local foi chamada de a casa de Deus na Escritura.
A casa de Deus no Velho Testamento tinha dois edifícios adjacentes: a casa do Senhor (1 Rs 5-6) e a casa do rei Salomão (1 Rs 7). Esses dois edifícios exemplificam os dois aspectos da casa de Deus hoje. A casa do Senhor (o templo) estava aberta a todos os que viessem a Deus para adorá-Lo – tendo inclusive um pátio para os gentios. No entanto, nem todos aqueles que entravam nos recintos do templo necessariamente tinham uma fé verdadeira. É uma figura do segundo aspecto da casa de Deus hoje, onde existe uma mistura de verdadeiros crentes e meros professos. A casa de Salomão tinha uma série de salas interligadas que estavam fechadas a todos, com exceção dele mesmo e de sua família. Os gentios que visitaram a terra e outros em Israel não tiveram acesso a ela. É uma figura do primeiro aspecto da casa que é composto apenas por verdadeiros crentes. (Synopsis of the Books of the Bible, J. N. Darby em 1 Rs 5-7).

Algumas diferenças notáveis entre esses dois aspectos são:
  • No primeiro aspecto, a casa de Deus é vista sob a perspectiva da soberania de Deus (Ef 2:20-21). No segundo aspecto, é vista sob a perspectiva da responsabilidade do homem (1 Pe 4:17).
  • No primeiro aspecto, as pessoas se tornam parte da casa crendo no evangelho. No segundo aspecto, as pessoas entram na casa fazendo uma profissão de fé em Cristo (2 Tm 2:19) ou por serem batizadas (que é o meio formal de entrar nela).
  • No primeiro aspecto, os fiéis “são” a casa (Hb 3:6; 1 Pe 2:5); no segundo aspecto, os crentes (e os falsos crentes) estão “dentro” da casa (2 Tm 2:20).
  • No primeiro aspecto da casa, o Espírito de Deus habita “nos” crentes (Jo 14:17; At 2:4); no segundo aspecto, o Espírito de Deus habita tanto “nos” crentes como “com” [ou entre] crentes (Jo 14:17; At 2:2; 1 Co 3:16-17).
  • O primeiro aspecto às vezes é chamado de “a casa da realidade”, enquanto o segundo aspecto às vezes é chamado de “a casa da profissão”.

terça-feira, 27 de junho de 2017

ESPERANÇA


ESPERANÇA – Na Escritura, esperança não é usada da mesma maneira que no idioma comum – a linguagem de hoje. Usamos a palavra em nossos dias para nos referir a algo que gostaríamos de ver acontecer, mas não temos garantia de que isso aconteça. Na Bíblia, a esperança é uma certeza adiada; ela tem expectativa conectada com segurança.
Em Romanos 5:2, Paulo fala da “esperança da glória de Deus”, que tem a ver com a futura glorificação do crente na vinda do Senhor (o Arrebatamento). É algo que o crente espera com certeza. Isso definitivamente acontecerá – apenas não sabemos quando. Esse fim glorioso de estar com Cristo e de ser como Cristo é a esperança do Cristão. Quando primeiro cremos no evangelho e recebemos o Senhor Jesus Cristo como nosso Salvador, fomos colocados na esperança de nossa final glorificação. Paulo se refere a isso em Romanos 8:24, afirmando que “em esperança somos salvos”. Isso significa que quando inicialmente cremos em Cristo como nosso Salvador, foi com a ideia de obter este último aspecto da redenção. Assim, quando fomos “salvos”, foi “em esperança” da realidade completa e final que está se aproximando.
          Conhecendo o glorioso futuro que nos espera, somos sustentados no caminho, porque o que esperamos é firme e seguro. Em esperança fomos salvos, e em seu poder vivemos. Isso nos dá “paciência” para esperá-lo (Rm 8:25). Foi dito que e esperança são bons companheiros de viagem para o Cristão em seu caminho pelo deserto neste mundo, e isso é verdade. Mas na vinda do Senhor (Arrebatamento), nos separaremos desses companheiros e entraremos no céu com o Senhor, onde o amor permanecerá exclusivo. Não precisaremos de fé e esperança lá.

HERESIA


HERESIA – Refere-se a uma divisão exterior (visível) no testemunho Cristão, onde alguns se separam como um grupo distinto. “Heresia” é fazer uma “seita” entre Cristãos e é traduzida como tal em 1 Coríntios 11:19 na Tradução J. N. Darby. É um mal que emana da carne – a natureza caída do pecado (Gl 5:20). Na Escritura é aplicada às divisões que se desenvolveram na religião judaica (At 5:17, 15:5, 24:5, 26:5) e nas divisões que se desenvolveriam no Cristianismo (1 Co 11:19; Gl. 5:20; 2 Pe 2:1).
Heresia não é o mesmo que “cisma”, que é uma ruptura ou divisão interior (invisível) entre os Cristãos (1 Co 11:18). Aqueles envolvidos em um cisma ainda se reunirão exteriormente com aqueles com quem eles têm uma divergência, mas provavelmente estarão infelizes (Rm 16:17; 1 Co 1:10, 3:3, 11:18). Este era o caso com os Coríntios. O apóstolo Paulo os advertiu que, se os cismas existissem, e não fossem tratados e julgados como maus, haveria “entre vós heresias” que surgiriam desses cismas (1 Co 11:18-19). Assim, uma divisão interior (um cisma) se desenvolverá em uma divisão exterior (uma heresia), com o passar do tempo. Uma pessoa que conspira uma divisão exterior entre os Cristãos é um “herege” (Tt 3:10). Paulo nos diz que, se nos encontrarmos com uma pessoa que tem agido em vontade própria e se separado com o seu partido, devemos “depois de uma e outra admoestação”, evitá-lo (Tt 3:10).
A palavra heresia é comumente considerada como sendo uma má doutrina e foi popularizada como tal pela Igreja Católica Romana há centenas de anos. Eles rotularam como hereges todos aqueles que não sustentavam suas doutrinas. Os que ensinam sobre a Bíblia hoje às vezes usam o termo de forma convencional para indicar erros doutrinários, mas a heresia, no seu significado bíblico, não implica necessariamente má doutrina. G.V. Wigram nos diz que o pior e mais difícil tipo de heresia a ser detectado é aquele que não envolve má doutrina, embora o espírito de criação de partido e divisão está ali presente. (Memorials of Ministry of G.V. Wigram, vol. 2, pág. 91). Heresia se tornou sinônimo de má doutrina provavelmente porque a maioria dos hereges geralmente formam sua divisão em torno de uma má doutrina (2 Pe 2:1).
         Assim, uma heresia/seita é a formação de uma comunidade de crentes fora e separada da única comunhão à qual todos os Cristãos têm sido chamados na Escritura – expressada pela “Mesa do Senhor” (1 Co 1:9, 10:21). O mal da heresia é que ela divide o testemunho Cristão em grupos e comunhões separados, cada um com seus próprios estatutos e administração etc. Não é a vontade de Deus ter Cristãos assim divididos. Ele gostaria de tê-los reunidos em um terreno de comunhão (mesmo que eles estejam em várias localidades em todo o mundo), de modo a expressar o fato de serem “um só corpo” (Ef 4:4). A criação de todas essas igrejas na Cristandade (“plantação de igrejas” como é chamado) geralmente é feita com boas intenções, mas em ignorância com relação ao modo de Deus reunir os Cristãos para adoração e ministério. Portanto, precisamos mostrar muita paciência para com aqueles que estão nessas comunhões feitas pelo homem. Ainda assim, todos esses esforços para formação de igrejas, destroem a unidade do corpo na prática.

INFERNO









INFERNO – “Inferno” (“Geena[1] no grego) é a morada eterna dos condenados (Mt 5:22, 29, 30, 10:28, 18:9, 23:15, 33; Mc 9:43, 45, 47; Lc 12:5; Tg 3:6). É onde os perdidos serão punidos eternamente por seus pecados. Todas as pessoas que tiverem seu fim no inferno serão colocadas vivas lá, e assim sofrerão nesse lugar, não apenas em sua alma e espírito, mas também em seu corpo (Mt 10:28; Mc 9:43-47). Isso é diferente dos “tormentos” dos perdidos no estado intermediário no Hades (Lc 16:23), onde o sofrimento é na alma e no espírito, mas não no corpo. (Lc 16:23-24 menciona o perdido no Hades como tendo olhos e uma língua – que são partes do corpo humano – mas o Senhor se referia a eles simbolicamente. Ele não poderia estar falando literalmente do corpo deles, porque este estava no túmulo). (Veja: Hades)
O “lago de fogo” simboliza o inferno, o lugar eterno dos condenados (Ap 19:20, 20:13-15). Não é um lago literal ardendo em fogo. “Fogo”, na Escritura, é um símbolo de julgamento. Um “lago” é um lugar de confinamento, onde as águas de vários riachos e rios são ajuntadas. Portanto, o lago de fogo é um lugar de confinamento sob o julgamento de Deus. É onde os perdidos pagam o preço pelos seus pecados em “tormento eterno” (Mt 25:46). O sofrimento nesse lugar horrível será justo e “segundo as suas obras” (Ap 20:13). O grau de luz que os homens tiveram de Deus terá uma parte na determinação do seu efetivo juízo, e assim o sofrimento dos perdidos no inferno será graduado (Lc 12:47-48). Deus, sendo justo e reto, não permitirá que ninguém sofra lá por algo que não tenha feito. Uma vez que “o Juiz de toda a Terra” apenas fará o que é certo (Gn 18:25; Hb 12:23), Ele não permitirá que crianças ou pessoas com deficiências mentais acabem indo para o inferno – não são responsáveis por seus pecados (Mt 18:10).
Contrariamente ao ensino popular e convencional, nenhum homem ou o diabo está no inferno hoje. Ele foi “preparado para o diabo e seus anjos”, mas agora não há ninguém lá (Mt 25:41). Embora tenha sido preparado especificamente para o diabo, é triste dizer que todos os que seguem o diabo terão seu fim lá. O diabo será uma das últimas criaturas a ser colocada lá no final dos tempos (Ap 20:10).
Há pelo menos quatro grupos diferentes de pessoas que serão lançadas no inferno, em quatro ocasiões diferentes:
Em primeiro lugar, na Aparição de Cristo, que ocorrerá após a grande tribulação, os “anjos” de Deus irão por todo o “reino dos céus” – a esfera na Terra que professou o domínio dos céus (Cristandade) e lançarão todos os incrédulos no inferno, o lago de fogo (Mt 13:41-42, 22:13, 24:36-41, 25:30). Essas pessoas serão apenas crentes professos que abandonaram sua professada fé em Deus (apóstatas, ateus etc.). O trabalho dos anjos naquele tempo será o de purificar o reino dos céus da mistura de crentes e incrédulos que existiu durante séculos. Aqueles que creram no evangelho do reino, que será pregado no período da Tribulação, e aqueles que não mostraram hostilidade contra ele, serão deixados na Terra para entrar no reino milenar de Cristo. Aqueles que os anjos lançarem no inferno nesse momento serão as pessoas mais responsáveis do mundo, pois tiveram maior grau de luz de Deus – rejeitaram o evangelho de Sua graça tendo o conhecimento dele (Lc 12:47-48). Eles não morrerão, mas serão lançados vivos no inferno. As primeiras pessoas nesse grupo serão a besta e o anticristo (Ap 19:20). Esse será o julgamento dos vivos dentro da terra profética.
(Os soldados dos exércitos que atacam a terra de Israel depois de o Senhor aparecer serão mortos nos julgamentos do Senhor – Jr 25:33; Ez 39:11-12. Esses não serão lançados no lago de fogo naquele momento, mas tendo sido mortos, a alma e espírito deles sofrerão no Hades. Eles serão ressuscitados mais tarde no “grande trono branco” e, então, serão lançados no inferno. Além disso, aqueles que forem julgados todas as manhãs durante o reino milenar de Cristo por fazerem o mal, também morrerão e serão ressuscitados no julgamento do “grande trono branco” Sl 101:8; Zc 5:1-4 – “desarraigar” refere-se à morte).
Em segundo lugar, depois de executados os severos julgamentos do Senhor que cairão sobre os exércitos que se reunirem para O combater na Sua Aparição, o Senhor estabelecerá “o trono da Sua glória” na Terra e executará um julgamento das nações que estão além da terra profética (Mt 25:31-46). O Senhor terá Seus “santos anjos” com Ele e agirão como Seus executores nesse julgamento sobre as nações que mostraram hostilidade aos mensageiros do evangelho do reino. Os indivíduos dessas nações serão enviados direto para “fogo eterno” (inferno) sem morrer.
Em terceiro lugar, depois que o Milênio tiver finalizado seu curso de mil anos, Satanás será solto do abismo e lhe será permitido enganar os incrédulos. Estes são aqueles que terão uma “obediência fingida” durante o Milênio (Sl 18:44 etc.). O diabo os conduzirá em um ataque total contra a cidade santa, Jerusalém, mas o Senhor intervirá em julgamento e lançará Satanás, seus anjos, e aqueles homens incrédulos vivos no inferno, o lago de fogo (Ap 20:7-10).
Em quarto lugar, a segunda ressurreição, que é a “ressurreição da condenação” (Jo 5:29; At 24:15; Ap 20:5), ocorrerá na mesma época (Ap 20:11-15). Os incrédulos que morreram em seus pecados ao longo de todo o período de tempo, que estão atualmente em “tormentos” no Hades (Lc 16:23), ressuscitarão diante do “grande trono branco” e serão julgados de acordo com seus pecados. Esses também serão lançados vivos no inferno, o lago de fogo (Ap 20:11-15).




  [1] N. do T.:– Geena é o equivalente grego para duas palavras hebraicas, que significam “vale de Hinom”. Era o lugar perto de Jerusalém, onde os judeus faziam seus filhos passarem pelo fogo como sacrifício a deuses pagãos, e que depois foi profanado (2 Rs 23:10). Um fogo contínuo tornou-o um símbolo adequado do lugar do castigo eterno (Mt 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Mc 9:43, 45, 47; Lc 12:5; Tg 3:6). No Velho Testamento, o local acima mencionado de contaminação e fogo também é chamado de Tofete (2 Rs 23:10; Is 30:33; Jr 7:31-32, 19:13) “Concise Bible Dictionary”, pág. 307. A Tradução Brasileira é a única (em português) que corretamente utiliza a palavra “geena” quando se refere ao lugar de tormento eterno e final.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

CÉU


CÉU – A Escritura fala do “terceiro céu” como sendo a morada de Deus (2 Co 12:2). Como não pode haver nada acima disso, concluímos que existem três céus:
  • Os céus criados – (Gn 1:1, 8; Sl 19:1 etc.). São os céus físicos onde as estrelas brilham (Gn 22:17) e onde os pássaros voam (Jr 4:25). (Alguns veem o espaço aéreo e o espaço exterior como sendo dois céus diferentes, mas a Escritura não os distingue – Gn 1:14-17, 20.)
  • O reino da atividade espiritual (Ef 1:3, 20, 2:6, 3:10, 6:12 – “os lugares celestiais”). Os Cristãos estão assentados em Cristo nessa esfera com suas bênçãos espirituais (Ef 1:3, 2:6). Satanás também se move nessa esfera e trabalha para impedir o gozo do crente de suas bênçãos (Ef 2:2), e assim há um conflito espiritual lá (Ef 6:11-12).
  • A morada ou a habitação de Deus“o céu dos céus” (Dt 10:14; Js 2:11; 2 Cr 2:6; Sl 11:4 etc.). É onde Cristo está (Lc 24:51), e onde a alma e o espírito dos redimidos estão com Cristo (Lc 23:43; 2 Co 5:6-8; Fp 1:23). Paulo se refere a ele como “o terceiro céu” (2 Co 12:2).

CABEÇA (AUTORIDADE) DE CRISTO, A


CABEÇA (AUTORIDADE) DE CRISTO, A – Isso se refere à direção, ao controle e à provisão de Cristo nas várias esferas sobre as quais Ele é Cabeça. W. Scott disse que há, pelo menos, quatro tipos de autoridade de Cristo (The Young Christian, vol. 5, pág. 11; The Book of Revelation, pág. 111). As seguintes referências as expõem na ordem em que Cristo as tomou:

1) Cabeça da criação (Cl 1:15-17; 1 Co 11:3)

O Senhor tomou essa autoridade em Sua encarnação – quando Se tornou um Homem (Lc 1:35; Fp 2:7-8). Sendo Quem Ele era, ao entrar em Sua própria criação, Ele não poderia tomar nenhum outro lugar nela a não ser o de “Primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Sendo o Filho, Ele deve, necessariamente, ter preeminência em posição e dignidade, indicadas pela palavra “Primogênito”. A tão imensa criação não foi apenas criada por Ele (Jo 1:3, 10; Cl 1:16; Hb 1:2; Ap 4:11), mas é também sustentada pelo Seu poder. Os homens falam sobre a criação sendo regida pelas leis da natureza, mas a Escritura diz que ela “subsiste” pelo poder do Filho de Deus (Cl 1:17).
Cristo não é apenas a Cabeça dos objetos inanimados na criação, mas é também “a Cabeça de todo homem” na criação (1 Co 11:3). Isso se refere a todos os homens – salvos e perdidos. W. Scott disse: “Cristo é a cabeça de todo homem. Não se trata de homem salvo ou não. Cristo não é Cabeça apenas de todo homem Cristão” (The Young Christian, vol. 5, pág. 41). Na criação, Deus estabeleceu uma ordem em relação aos papéis dos homens e das mulheres que deve ser observada na vida cotidiana e na assembleia. A esse respeito, o apóstolo Paulo diz: “o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão” (1 Co 11:8-9).

2) Cabeça da raça da nova da criação (Rm 5:12-21; 1 Co 15:22, 45-49; 2 Co 5:17; Ap 3:14)

O Senhor tornou-Se Cabeça da raça da nova criação de homens quando ressuscitou de entre os mortos (Cl 1:18b).
Deus propôs que “o mundo vindouro” (o Milênio) estivesse sob o domínio do homem. O Salmo 8 indica isso. É algo que nunca foi dito a respeito dos anjos. Deus fez os anjos para servir, mas não para governar (Hb 1:13-14, 2:5). A única criatura que Ele fez para governar foi o homem. No entanto, a queda do homem o tornou completamente incapaz de governar para Deus em qualquer sentido (Ec 7:29). No seu estado caído, ele não serve mais para esse propósito. Deus não pode usar o homem em seu estado atual para governar o mundo vindouro; o homem só poderia fazer do mundo vindouro uma total confusão, como ele fez neste mundo desde sua queda. Assim, a entrada do pecado parece ter frustrado o propósito de Deus para com o homem. No entanto, Deus enfrentou esse dilema na vinda de Cristo para assumir a Humanidade para a glória de Deus. Ele Se tornou um Homem e assumiu as dívidas, nas quais o homem havia incorrido, ao entrar na morte e fazer expiação pelo pecado (Hb 2:9). Ao ressuscitar dentre os mortos, Cristo tornou-Se a Cabeça de uma nova raça de homens (Cl 1:18; Ap 3:14), que é capaz de governar o mundo vindouro como Deus havia proposto (1 Co 6:2).
Colossenses 1:18b afirma que o Senhor Jesus Cristo é “o princípio e o Primogênito dentre os mortos”. Quando Cristo ressuscitou dos mortos, tornou-Se o “princípio” e, portanto, a Cabeça dessa nova raça (2 Co 5:17; Gl 6:15; Ef 2:10; Ap 3:14). Hebreus 2:10 refere-se a isto, afirmando que, se Deus iria trazer “muitos filhos” (a nova raça) à “glória” (glorificação), o “Príncipe [Autor] da salvação deles” (o Senhor Jesus Cristo) primeiro teria que ser “perfeito”. Isso se refere à ressurreição e glorificação de Cristo (Lc 13:32; Hb 5:9). Isso mostra que deveria haver uma Cabeça glorificada no céu, antes de poder haver uma raça debaixo d’Ele, que Ele traria à glorificação. Assim, o Filho de Deus tornou-Se o Filho do Homem para que Ele fizesse dos filhos dos homens crentes, filhos de Deus. Na ressurreição, o Senhor declarou Sua autoridade, como Cabeça da raça da nova criação, ao assoprar sobre os discípulos (Jo 20:22), que foi o que Ele fez com a primeira raça (Gn 2:7). (Veja: Nova Criação)

3) Cabeça do corpo (Ef 1:22, 4:15, 5:23; Cl 1:18, 2:19)

O Senhor tornou-Se a Cabeça do corpo subindo ao céu e enviando o Espírito Santo para batizar os crentes em um corpo (1 Co 12:12-13). Como a cabeça de uma pessoa é o lugar da sua inteligência, dando instruções para seu corpo, assim Cristo, como Cabeça de Seu corpo (místico) é a autoridade de controle e direção da Igreja. Assim, devemos olhar para Ele em tudo o que diz respeito à assembleia. Os crentes colossenses estavam se distraindo e estavam olhando para outras coisas no mundo espiritual, e Paulo lhes disse que eles “não estavam retendo a Cabeça” de forma prática, que é uma responsabilidade coletiva do corpo.
Efésios 5:23 afirma que “Cristo é a Cabeça da Igreja”, mas Efésios 1:22-23 diz que Ele também é “Cabeça sobre todas as coisas para a Igreja, que é o Seu corpo” (JND). Essas coisas são ligeiramente diferentes. Sendo Cabeça “sobre todas as coisas para” a Igreja se refere ao fato de que Ele controla tudo o que toca a Igreja, pois Ele é o Controlador de todas as circunstâncias. Portanto, nada toca os membros de Seu corpo que Ele não conheça e Se preocupe (At 9:4).
A Cabeça do corpo de Cristo é frequentemente confundida com a Cabeça da raça da nova criação. Nossa conexão com Cristo como Cabeça da nova criação é como estando “em” Ele (n’Ele) e isso é individual (2 Co 5:17 – “se alguém está em Cristo... ). Enquanto que nossa conexão com Cristo como Cabeça do corpo é unidos “a” Ele, a qual é união – uma coisa coletiva (Ef 4:15). Portanto, a Escritura não fala da Igreja como estando “em Cristo”, mas assim estamos como irmãos individuais na raça da nova criação. Ambas as conexões são verdadeiras com relação aos crentes, mas são linhas diferentes de verdade em conexão com nosso relacionamento com o Senhor. W. Scott disse: Quando a associação dos membros no corpo é considerada, não é dito que eles estão “em Cristo”. Nós [como membros] não estamos na Cabeça. A união das várias partes e membros do corpo humano não está na cabeça. Eles estão unidos à cabeça, mas não na cabeça. “Em Cristo” transmite uma ordem e caráter diferentes de verdade do que a união a Ele. Unido a Ele é o corpo; unido n’Ele é a raça [nova criação]. Ambos, é claro, são verdadeiros em relação aos crentes” (The Young Christian, vol. 5, pág. 14). As epístolas aos Efésios e aos Colossenses são as únicas epístolas que mencionam a Cabeça (Liderança) de Cristo do corpo.

4) Cabeça dos principados e potestades (Cl 2:10)

Tendo subido ao céu, a Escritura afirma que Cristo é “a Cabeça de todo principado e potestade”. Estes são seres angelicais. Ele os criou antes da fundação do mundo (Sl 104:4; Hb 1:7), e assim, sendo seu Criador, Ele é infinitamente superior a eles em inteligência, poder, dignidade etc. Na verdade, eles O adoram (Hb 1:6) e são responsáveis perante Ele desde que foram criados (Jó 1:6-7). Mas o que o apóstolo Paulo nos diz em Colossenses 2:10 é que os Cristãos agora são responsáveis perante Ele como um Homem – um Homem glorificado! Os Cristãos ao longo dos séculos ficaram fascinados com os anjos, mas Paulo mostra nessa passagem que, uma vez que Cristo é a Cabeça de todos esses seres angelicais, seria absurdo nos ocupar com eles quando temos o próprio Criador deles para nos ocupar! Deus O colocou diante de nós como o único Objeto para nosso coração, e Ele nos concedeu o alto privilégio de ter comunhão inteligente com Ele! Que necessidade teríamos então de nos meter “em coisas”, em relação aos anjos, que não vimos? (Cl 2:18)

domingo, 25 de junho de 2017

HADES



HADES – “Sheol” e “Hades” referem-se à mesma coisa; o Sheol é a palavra hebraica no Velho Testamento e Hades é a palavra grega no Novo Testamento (vide nota de rodapé no Salmo 6:5 na tradução de J. N. Darby)[1]. O Sheol/Hades é o mundo invisível para onde vão a alma e o espírito desencarnados dos crentes e dos incrédulos falecidos, sem especificar em que condição estão. (vide nota de rodapé em Mateus 11:23 da tradução de J. N. Darby)[2]. O evangelho trouxe à luz “a vida e imortalidade” (2 Tm 1:10 – TB) e, como resultado, sabemos agora que existem duas condições opostas no Sheol/Hades: “tormentos” para os perdidos (Lc 16:24-25) e gozo (“paraíso”“o jardim das delícias”) para os crentes (Lc 23:43).
O que pode ser confuso é que Hades é traduzido erroneamente como “inferno” oito vezes na maioria das traduções brasileiras (Mt 11:23, 16:18; Lc 10:15; 1 Co 15:55; Ap 1:18, 6:8, 20:13, 14). Cada uma dessas referências deve ser traduzida como “Hades”. Consultando uma tradução crítica, como a de J. N. Darby (ou a Tradução Brasileira), encontramos o esclarecimento disso imediatamente.
Uma consulta foi enviada ao editor da revista Help and Food sobre Hades: “O que é Hades? Resposta: Sem dúvida, é todo o mundo invisível, incluindo os salvos e os perdidos. Veja Lucas 16:23; Apocalipse 20:13-14, para os perdidos, e Atos 2:27, 31 para nosso bendito Senhor. Hades corresponde ao Sheol no Velho Testamento” (Help and Food, vol. 14, pág. 140). Devemos acrescentar a essas referências, 1 Coríntios 15:55, que indica que os crentes que morreram estão no Hades.
Sheol/Hades é um estado temporário. Todos nesse estado intermediário ou separado, ao qual a morte leva uma pessoa, serão ressuscitados – tanto crentes como incrédulos – mas em momentos diferentes. (Veja: Ressurreição). Todos os que morreram em fé estão “despidos” no Hades (2 Co 5:4). A alma e o espírito deles estão “com Cristo” (Fp 1:23) no “paraíso” (Lc 23:43), que está no céu, porque a Escritura diz que é no céu que Cristo está (Lc 24:51; At 1:9-10, 3:21, 7:55; Fp 3:20; Hb 4:14). Paulo confirma isso, dizendo que, quando estava desencarnado, ele estava no “paraíso” no “terceiro céu” (2 Co 12:2-4). O Senhor também ensinou que a alma e o espírito desencarnados das crianças que morreram abaixo da idade da responsabilidade vão direto para o “céu” (Mt 18:10 – “seus anjos” é uma referência ao espírito desencarnado delas, veja At 12:15). O corpo dessas pessoas desencarnadas, no entanto, atualmente está no túmulo.
A alma e o espírito de todos os que morreram sem fé também estão no Hades, mas estão em “tormentos” (Lc 16:23). Eles permanecerão nesse estado até o fim dos tempos, momento em que serão ressuscitados e julgados pelos seus pecados no “grande trono branco” (Is 24:22; Ap 20:11-15). Eles serão então lançados no “lago de fogo”, que é o inferno. Portanto, contrariamente ao que normalmente se pensa, aqueles que morreram em seus pecados ainda não estão no inferno, e quando eles forem colocados lá, não estarão mortos. Eles serão ressuscitados e lançados lá vivos! (Ap 20:5, 13).




[1] N. do T: A nota de rodapé “h” sobre a palavra “Sheol” no Salmo 6:5 na tradução de J. N. Darby diz: “isto é, ‘Hades’; isso vagamente expressa o lugar ou estado da alma separada do corpo”

[2] N. do T: a nota de rodapé “c” sobre a palavra “Hades” de Mateus 11:23 da tradução de J. N. Darby diz: “‘Hades’, como ‘Sheol’ no Velho Testamento, é uma expressão muito vaga usada em geral para designar o estado temporário dos espíritos que partiram – o não visível mundo dos espíritos, sobre o qual, até a vinda de Cristo, repousa em trevas e escuridão, como pode ser observado no Velho Testamento. Ele é aplicado a Cristo, que foi ao paraíso e ao homem rico de Lucas 16, que se achou em tormentos. É distinto de ‘Geena’ que é o lugar de tormento final e eterno, preparado para o diabo e seus anjos”

GRAÇA


GRAÇA – Isso se refere ao favor imerecido de Deus para com os homens. É obter algo bom de Deus sem que mereçamos. O maior destes dons gratuitos da graça de Deus é a salvação de nossa alma (Rm 11:5-6; Ef 1:7, 2:8; 1 Pe 1:9). O efeito prático da obra da graça de Deus no coração humano torna o beneficiário um adorador espontâneo e agradecido (Rt 2:10; Jo 9:35-38). Também produz um desejo nas almas de agradar ao Senhor, “renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas”, vivendo “neste presente século sóbria, e justa, e piamente” (Tt 2:11-12). Ela também produz energia para servi-Lo (1 Sm 25:41; 1 Co 15:10).
A graça de Deus é também para com o Seu povo, fornecendo-lhe vários tipos de ajuda prática nas circunstâncias da vida que os capacita a prosseguir por Ele, mesmo em situações adversas (2 Co 12:9-10; Hb 12:28; Tg 4:6; 1 Pe 5:10). (Veja: Misericórdia)

GOVERNO DE DEUS, O



GOVERNO DE DEUS, O – Esse termo não é encontrado na Escritura, mas a verdade que ele transmite certamente é. Os que ensinam sobre a Bíblia usam o termo para indicar o trato providencial de Deus para com os homens, positiva ou negativamente, como consequência da maneira com que agem na vida. Isso acontece na vida daqueles que são salvos, bem como na daqueles que estão perdidos. Gálatas 6:7-8 dá o princípio geral de como o governo de Deus funciona. Diz: “Não vos enganeis; de Deus não se zomba. Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará: porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna” (TB). Isso nos mostra que há consequências para nossas ações, tanto para o bem quanto para o mal – embora talvez não sintamos os resultados imediatamente.
Como mencionado, existem dois lados do governo de Deus – o que é positivo e o que é negativo – com relação ao que experimentamos em nossa vida, e poderiam ser chamados:
  • Juízo governamental.
  • Bênção governamental. 
Uma vez que “todo o poder” foi dado ao Senhor “no céu e na Terra” (Mt 28:18), Ele pode fazer com que coisas boas, assim como permitir que coisas ruins, ocorram na vida dos homens de acordo com suas obras. Ele pode “cercar” o caminho do transgressor com juízos governamentais em formas de dificuldades, problemas, tristezas, doenças etc., a fim de deter seu caminho rebelde e produzir arrependimento (Os 2:6-7). O apóstolo Pedro advertiu que se formos descuidados e andarmos na impiedade, daremos causa à ação de Deus “o Pai” em nossa vida em um sentido de juízo. Ele, “sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um” (1 Pe 1:16-17). Veja também 1 Co 11:29-32; 1 Pe 3:12b; Tg 5:20b; 1 Jo 5:16b. Deus também pode usar Seu poder para ordenar circunstâncias felizes e abençoadas na vida dos homens que fazem o bem, e assim, eles recebem “bênção por herança” (1 Pe 3:9 – TB) na vida de forma prática para “ver os bons dias” (1 Pe 3:10-12a; Ef 6:1-3). Os Provérbios enfatizam os caminhos de Deus no governo para com os homens, para o bem ou para o mal – dependendo das ações de cada um. É um tema fundamental que percorre todo esse livro.
É interessante notar que a extensão das relações governamentais de Deus com os homens em julgamento pertence apenas ao seu tempo neste mundo e não afeta seu destino eterno. No entanto, as ações governamentais de Deus referentes às bênçãos em conexão com os crentes podem ser desfrutadas agora nesta vida, e em muitos casos também serão levadas para a eternidade (Gl 6:8). Tal é a bondade de Deus. Além disso, se trouxermos sobre nós o juízo governamental de Deus, haverá também o perdão governamental de Deus (Mt 18:26-27; Lc 7:48; Jo 5:14; Tg 5:15; Sl 103:10-11). Isso tem a ver com Deus retirar o Seu juízo governamental, sobre qualquer forma que tenhamos sentido esse julgamento, por nos termos arrependido. O Senhor pode escolher deixar que continuemos sentindo os efeitos de Seu julgamento governamental, mesmo quando houver um arrependimento real, porque Ele conhece as tendências de nosso coração, e assim nos mantém em dependência, com a finalidade de impedir que saiamos do caminho novamente. A comunhão será restaurada, mas os efeitos de nossas ações podem continuar a ser sentidos (2 Sm 12:10). Seja qual for o caso, Deus não comete erros no que Ele faz conosco, pois Seus caminhos são perfeitos (Sl 18:30). (Veja: Perdão Governamental)
Muitos Cristãos têm uma visão desequilibrada do assunto do governo de Deus. Eles veem apenas o lado do julgamento, mas isso está desequilibrado. Ao se referir a alguém que se rebelou contra Deus, eles poderiam dizer: “fulano de tal está sob o governo de Deus” – não percebendo que o governo de Deus tem a ver com Sua boa mão de bênção na vida de uma pessoa também. A verdade é que todos os Cristãos estão sob o governo de Deus – e devemos ser gratos por isso!
Os homens do mundo chamariam o governo de Deus de “karma” (um termo da religião “oriental”), mas eles não são sinônimos. O “karma” vê os caminhos de Deus com os homens de uma perspectiva cheia de superstição e não leva em consideração o perdão governamental de Deus, que nem sempre trabalha negativamente com aqueles que fazem o mal, quando vê o arrependimento neles.

EVANGELHO, O


EVANGELHO, O – A palavra “evangelho” significa “boas novas” ou “notícias alegres”, e é usada na Escritura para indicar que Deus tem boas notícias para o homem. Esse fato mostra que Deus está interessado na bênção do homem.
A Escritura registra que houve diferentes mensagens do evangelho que foram pregadas aos homens em diferentes momentos da história, prometendo diferentes formas de bênção vindas de Deus. Unir esses chamados do evangelho em uma única mensagem é um erro e não leva em conta os caminhos dispensacionais de Deus.
As boas notícias de Deus foram anunciadas pela primeira vez a Adão e Eva no jardim do Éden. Elas prometiam que Satanás seria finalmente esmagado sob o julgamento de Deus (Gn 3:15; Rm 16:20 e Ap 20:10), mas elas não foram especificamente chamadas de evangelho. As boas novas foram anunciadas a Noé, pelas quais ele foi levado a construir uma arca para salvar a sua casa (Hb 11:7), embora, novamente, isso não tenha sido chamado de evangelho.
“O evangelho” foi pregado a Abraão, prometendo a bênção por ter sido considerado justo por Deus (Gl 3:8).
“O evangelho” foi pregado à nação de Israel, prometendo-lhe a libertação da escravidão no Egito e uma herança material na terra de Canaã (Êx 3:7-8; Nm 13:26; Hb 4:2-3).
“O evangelho do reino” foi pregado à nação de Israel por João Batista (Mt 3), pelo Senhor Jesus Cristo (Mt 4) e pelos apóstolos (Mt 10), prometendo que, se aceitassem Cristo como seu Messias, Ele estabeleceria o reino de uma maneira literal como retratada pelos profetas do Velho Testamento. Mas os judeus rejeitaram o Senhor Jesus Cristo (Is 49:4, 50:5-7, 53:1-4; Mq 5:2), e consequentemente, essa oferta do evangelho do reino foi adiada (Mq 5:3; Mt 12:14-21; Rm 11:7-11). Ele será pregado novamente em um dia futuro (na 70ª semana de Daniel 9:27) pelo remanescente judaico fiel (Sl 95-96; Mt 24:14). Muitos naquele dia serão abençoados por ele – incluindo os gentios (Is 55-56; Ap 9:7). Eles participarão das bênçãos terrenas do reino que este evangelho promete.
O evangelho pregado nestes tempos Cristãos tem pelo menos sete títulos, transmitindo vários aspectos da mensagem das boas novas de Deus ao mundo de hoje. Esse evangelho anuncia que Deus em graça desceu ao homem na Pessoa de Cristo, e por meio de Seu sofrimento expiatório, de Sua morte e do Seu sangue derramado garantiu salvação aos pecadores que creem. E mais do que isso, anuncia que Deus ressuscitou a Cristo de entre os mortos e O assentou à Sua direita nas alturas, e o crente agora tem um lugar de aceitação n’Ele, em Quem estão todas as suas bênçãos. A pessoa que crê nessa grande mensagem é selada com o Espírito Santo (Ef 1:13) e é feita parte da Igreja de Deus, o corpo e a noiva de Cristo (Ef 1:22-23). Assim, esse evangelho é um chamado celestial de crentes para um destino celestial com Cristo (1 Co 15:48-49; 2 Co 5:1; Ef 1:3, 2:6, 6:12; Fp 3:20; Cl 1:5, 3:1-2; Hb 3:1, 8:1-2, 9:11, 10:19-21, 11:16, 12:22, 13:14; 1 Pe 1:4). Todos os que creem nesse evangelho viverão e reinarão com Cristo nos céus sobre a Terra no Milênio (Ap 21:9-22:5).
  • Quando ele é chamado “o evangelho da graça de Deus (At 20:24), está se referindo à vinda de Cristo desde os céus em graça para morrer pelos pecadores.
  • Quando se chama “o evangelho da glória de Deus (1 Tm 1:11), está enfatizando a ascensão de Cristo ao alto em glória e a aceitação do crente n’Ele lá diante de Deus. (Paulo chamou esse aspecto de “meu evangelho” – Rm 2:16, 16:25; 2 Tm 2:8).
  • Quando é chamado “o evangelho de Deus (Rm 1:1), está apontando para a fonte das boas novas – o próprio Deus que desenhou o plano da salvação.
  • Quando se chama “o evangelho de Seu Filho (Rm 1:9), está se referindo ao amor de Deus que O levou a dar o mais precioso Objeto de Seu coração para salvar os pecadores.
  • Quando se chama “o evangelho de Cristo (Fp 1:27), está se referindo ao grande tema do evangelho – Cristo e Sua glória.
  • Quando é chamado “o evangelho da Paz (Ef 6:15), está se referindo à paz prática que nossos pés pregam (isto é, nossa vida) enquanto caminhamos por este mundo conturbado.
  • Quando se chama “o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Ts 1:8), não está somente enfatizando a salvação de nossa alma, mas também a salvação de nossa vida, tornando Cristo o Senhor em nossa vida de forma prática. 
Esse evangelho distintivamente Cristão não deve ser confundido com o evangelho do reino. Como mencionado, o destino daqueles que creem no evangelho da graça e glória de Deus é viver e reinar com Cristo nos céus em Seu reino milenar. Enquanto que o destino daqueles que creem no evangelho do reino é viver na Terra no reino milenar de Cristo (Ap 7). Essas são duas esferas diferentes de bênção – celestiais e terrenais. Essas distintas mensagens não estão indo ao mundo ao mesmo tempo, pois haveria confusão se fossem pregadas juntas.
          “O evangelho eterno” (Ap 14:6-7) são as boas novas que a própria criação prega ao longo dos séculos. Elas dão testemunho da glória de Deus (Sl 19:1), da sabedoria e inteligência de Deus (Sl 147:4-5), do poder de Deus (Rm 1:19-20) e da bondade de Deus (At 14:17). Mesmo que pessoas nunca entrem em contato com o evangelho da graça de Deus, que nos fala da obra consumada de Cristo, elas ainda podem ser alcançadas e abençoadas por Deus ao crerem nesse testemunho na criação. A prova de sua fé no Deus Criador será vista neles ao temerem a Deus e praticarem a justiça. Como resultado, eles serão “aceitos” (TB) em Cristo (At 10:35). Se eles morrerem na sua fé simples, irão para o céu, mas eles não farão parte da Igreja de Deus, porque para isso é necessário o selo do Espírito, que só ocorre quando alguém crê na obra consumada de Cristo (Ef 1:13).

terça-feira, 13 de junho de 2017

GLÓRIA



GLÓRIA – Ela pode ser descrita como “excelência em exibição” ou “excelência manifestada”. É usada na Escritura em conexão com Deus, o Pai (Rm 6:4; Fp 2:11) e com Deus, o Filho (Jo 11:4, 13:31-32). Também é usada para descrever o estado final dos santos. Em conexão com as Pessoas da Divindade, a glória tem a ver com os atributos divinos sendo trazidos à exibição. Toda perfeição e excelência são encontradas na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. A Escritura declara pelo menos sete grandes glórias que Lhe pertencem. Elas se dividem em duas categorias:
  • Suas glórias intrínsecas – Essas são qualidades essenciais inerentes à Sua Pessoa, sendo Ele Perfeito como é. Elas não foram dadas a Ele, nem Ele as adquiriu – elas sempre foram Suas por causa de Quem Ele é. Algumas dessas glórias foram veladas quando Ele Se tornou um Homem, e algumas não podiam ser veladas.
  • Suas glórias adquiridas – Essas são glórias que o Senhor trouxe para Deus por meio do Seu poder e graça. Algumas dessas glórias são compartilhadas com Seu povo redimido, e algumas não podem ser compartilhadas.

1) Glória divina

Hebreus 1:2-3 diz: “Filho, a Quem constituiu herdeiro de tudo, por Quem fez também o mundo, o Qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressa imagem da Sua Pessoa”. Essa “glória” é Sua glória intrínseca, essencial na Divindade. O Senhor não a adquiriu, porque sempre Lhe pertenceu, pois Ele estava “com Deus” e “era Deus” (Jo 1:1; 1 Tm 6:14-16). Os atributos da Divindade que residem n’Ele são eternidade, infinidade, onisciência, onipotência, onipresença, imutabilidade, impecabilidade, soberania, autossuficiência e justiça. Essa glória nunca será compartilhada com os homens; pertence exclusivamente à Divindade. (Veja: Deidade)

2) Glória da filiação

João 1:14 diz: “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e contemplamos Sua glória, uma glória como de um unigênito para com o pai, cheio de graça e verdade” (JND). Essa é uma glória intrínseca que Cristo tem como sendo o Unigênito Filho de Deus. Também, não é uma glória adquirida; Ele sempre a teve, sendo o Filho eterno de Deus (Is 9:6; Hb 1:5; 1 Jo 4:14).
João 1:14 nos diz que o Senhor trouxe Consigo a eterna glória da Filiação na Sua Humanidade, e os que tinham fé contemplaram essa glória. Em um parêntese, João qualifica o caráter da glória que o Senhor tinha como o Filho de Deus, mostrando a glória que um filho unigênito tem com seu pai, tendo a atenção e afeto plenos e indivisíveis de seu pai. Assim, “um unigênito para com o pai” (JND) não é grafado com maiúsculas no texto porque se refere à relação humana de um pai com seu filho. O Espírito de Deus está usando isso para ilustrar a afeição que o Pai tem pelo Filho.
Quando o termo “Unigênito” é aplicado ao Senhor Jesus, refere-se à Sua sempre-existente relação com Deus, o Pai. Demonstra o prazer do Pai n’Ele. Da mesma forma, quando o Senhor Jesus veio entre os homens, eles O viram vivendo no pleno gozo do amor de Seu Pai. Ele era o Objeto da total atenção e deleite de Seu Pai (Mt 3:17), porque Ele sempre habitava “no seio do Pai” (Jo 1:18; Pv 8:30) como “o Filho do Seu amor” (Cl 1:13). A “túnica de várias cores” de José é uma figura dessa glória. A túnica o distinguia como sendo o filho do amor especial de seu pai (Gn 37:3-4). José é uma figura de Cristo.
Ao retornar a Seu Pai nas alturas, o Senhor pediu que Ele pudesse ter essa glória de Filho – que Ele tinha com o Pai “antes que o mundo existisse” – como um Homem glorificado (Jo 17:5). Esse não era um pedido para que Ele fosse reinvestido com esta glória porque Ele nunca a renunciou. Seu pedido era para tê-la agora como um Homem glorificado. Isso Lhe foi concedido em Sua ascensão, quando Ele foi “recebido acima em glória” (1 Tm 3:16 – JND). Essa glória de Filho que Cristo tem não será compartilhada com os redimidos, mas o lugar que Ele tem como Filho diante do Pai é compartilhado conosco! (Ef 1:5; Gl 4:5-6).

3) Glória da criação

        A Bíblia diz: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Sl 19:1). Esse versículo indica que as três Pessoas da Divindade estavam envolvidas na criação, pois “Deus” (Elohim) é plural no hebraico (Gn 1:1). Veja também Eclesiastes 12:1 (“Criador” é plural). O Pai era a Fonte (Hb 3:4; At 14:15), o Espírito era o Poder (Gn 1:2; Jó 26:13), mas o Filho era o Agente pelo qual a obra foi feita (Jo 1:3, 10; Cl 1:16; Hb 1:2; Ap 4:11).
A glória do Senhor como Criador não é uma glória intrínseca que Ele sempre teve; havia um ponto na eternidade passada, quando Ele não tinha essa glória. Foi adquirida quando “Ele fez os mundos” (Hb 1:2 – JND; Jo 1:3, 10). Essa glória jamais foi velada; ela é exibida diariamente diante de todos (Sl 19:2-4).

4) Glória moral

Sendo o Senhor Quem era, quando Ele Se tornou um Homem e viveu neste mundo, Sua vida foi perfeita. Havia uma glória moral conectada com tudo o que Ele disse e fez que simplesmente não poderia ser escondida ou velada. No final de Sua senda terrena, Ele olhou para Deus, Seu Pai e disse: “Eu glorifiquei-Te na Terra” (Jo 17:4). De todos os homens que já viveram na Terra, Ele é O único que realmente pôde dizer isso a Deus.
Sua vida foi caracterizada pela obediência e submissão à vontade de Seu Pai (Jo 4:34, 8:29). Como um Homem perfeitamente dependente, Ele viveu de cada palavra que saía da boca de Deus (Mt 4:4). Nos quatro evangelhos, contemplamos uma vida de total abstinência de Si mesmo, como atesta a Escritura: “Cristo não Se agradou a Si mesmo” (Rm 15:3 – TB). Ele estava cheio de graça e “o Qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo” (At 10:38). Ele trabalhou para o bem dos outros e livremente Se valeu do poder de Deus para suprir todas as reais necessidades deles, mas pessoalmente sofreu necessidade, fome e sede, sem jamais fazer um milagre para Si mesmo. Suas atividades eram principalmente nas camadas mais humildes da vida. Ele sempre foi acessível; Ele nunca Se desviou de uma pessoa que veio a Ele (Jo 6:37). Ele teve tempo para as crianças (Mt 19:13-15), e o órfão e as viúvas encontraram misericórdia n’Ele (Lc 7:11-17).
Quando Ele falava, as pessoas “se maravilhavam das palavras de graça que saíam da Sua boca” (Lc 4:22). Não havia engano em Sua boca (1 Pe 2:22). As pessoas diziam: “nunca homem algum falou assim como este Homem” (Jo 7:46). Sua sabedoria prática deu evidência ao fato de que Ele vivia na presença do Senhor Deus que Lhe deu “a língua dos que são instruídos” para que Ele “saiba sustentar com palavras o que está cansado” (Is 50:4 – TB). Ele conversou com a mulher no poço com um tato maravilhoso, e ganhou-a de uma vida de pecado sem realizar um único milagre (Jo 4). Sendo confrontado por aqueles que se opuseram a Ele, nunca discutiu ou disse uma palavra em um tom de voz inadequado. Quando insultos pessoais eram lançados sobre Ele, nunca Se defendia. Foi somente quando os homens maus lançaram seus ataques depreciativos contra a glória de Deus, que Ele lhes respondeu com uma sabedoria maravilhosa (Jo 8:48-49). Ao longo de toda Sua vida e ministério, Ele ilustrou perfeitamente Seu próprio ensinamento – “fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes” (Lc 6:35). Não há um momento sequer onde Ele tenha exigido algo daqueles a quem Ele restaurou e livrou. Quando Ele amou, curou e salvou, não buscou nada em troca.
No entanto, Sua santidade fez d’Ele um total Estranho num mundo contaminado. Ele frequentemente passava noites a céus abertos sem um lugar para recostar Sua cabeça, porém nunca Se queixou de ter sido deixado sozinho e rejeitado (Jo 7:53-8:1; Lc 9:58). Ele era tão humilde e despretensioso que não era proeminente entre Seus discípulos embora fosse o Mestre deles. Em Sua prisão no jardim, eles não puderam identificá-Lo como o Líder do pequeno grupo que O seguia, e tiveram que perguntar qual deles era Ele. Visto que havia ensinando diariamente no templo, eles deveriam ter sido capazes de identificá-Lo (Jo 18:4-8). Quando foi maltratado e injuriado pelos principais sacerdotes e anciãos, e mais tarde pelas autoridades romanas, “quando padecia não ameaçava, mas entregava-Se àqu’Ele que julga justamente” (1 Pe 2:23). Quando estava sofrendo e morrendo na cruz, quando todos os outros estavam pensando em si mesmos, Ele ainda tinha tempo para o ladrão que estava à beira da morte e da condenação. Encontrou tempo para derramar o azeite e o vinho dos recursos de Deus quando viu verdadeiro arrependimento ali (Lc 23:40-43).
Essa glória moral está sendo compartilhada agora com os redimidos, pois foi dada a eles a própria vida de Cristo e, portanto, têm a capacidade de manifestar essas feições morais, que estão sendo formadas neles agora pelo Espírito na medida em que eles estejam ocupados com Ele (2 Co 3:18). Essa obra de conformidade moral será completada quando o Senhor vier (o Arrebatamento), ocasião em que glorificará Seu povo celestial, livrando-o da natureza caída. Então serão completamente como Cristo – moralmente (1 Jo 3:2). No Estado Eterno, o céu e a Terra serão preenchidos com uma nova raça de homens que são moralmente perfeitos como Cristo.

5) Glória da redenção

Essa é uma glória que Cristo adquiriu ao entrar na morte e consumar a redenção. Tendo glorificado a Deus sobre a questão do pecado na cruz, Deus “O ressuscitou dentre os mortos e Lhe deu glória (1 Pe 1:21). Ele está agora à direita de Deus “coroado de glória e de honra” (Hb 2:9). Essa é uma glória adquirida. É algo que o Senhor não tinha antes de realizar Sua obra consumada na cruz. Ele a ganhou ou a adquiriu por ser obediente até a morte, e assim, trouxe uma glória a Deus que a Divindade não tinha antes. A maravilha disso é que Ele compartilha essa glória com os Seus redimidos! “Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste” (Jo 17:22; 2 Ts 2:14). No dia milenar vindouro, ela será exibida diante de todos, “para que o mundo conheça” o grande amor que Cristo tem pela Igreja (Jo 17:23; Ef 5:25).

6) Glória da preeminência

Quando o Senhor Jesus ressuscitou de entre os mortos, Ele Se tornou a Cabeça de uma nova raça de homens – a nova criação (Ap 3:14). Ao fazê-lo, Ele adquiriu outra glória que não tinha até então. Na nova criação, Ele é “o Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29). “Primogênito”, nesse sentido, não se refere a ser o primeiro na ordem de nascimento, mas primeiro em ordem e posição. (Compare Gn 48:14 com Jr 31:9 e 1 Cr 2:13-15 com Sl 89:27). Sendo o “Primogênito”, Ele sempre terá o primeiro lugar na nova criação, e assim, há uma glória especial conectada com essa posição que apenas Ele tem e que Lhe pertence por direito. Essa glória especial distingue o Senhor de todos os outros homens na nova raça, “para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1:18). Ele tem “um Nome que é sobre todo o nome” (Fp 2:9; Ef 1:21). O Senhor orou para que pudéssemos contemplar essa glória, dizendo: “aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste” (Jo 17:24). Essa glória não é compartilhada.

7) Glória do reino

As Escrituras do Velho Testamento estão cheias de descrições da glória oficial do Reino de Cristo. Todo israelita piedoso esperava o dia em que seu Messias e Rei reinasse sobre toda a Terra (Zc 14:9). Quando o reino for estabelecido em poder no mundo vindouro, “a glória do Senhor encherá toda a Terra” (Nm 14:21; Hc 2:14; Ez 39:21, 43:2). “Ajuntarei todas as nações e línguas; e virão, e verão a Minha glória... que não ouviram a Minha fama, nem viram a Minha glória; e anunciarão a Minha glória entre as nações” (Is 66:18-19). Esta glória é algo que Ele ainda vai adquirir, e fará isso por meio de Seus severos juízos quando da Sua Aparição.
Quando o Senhor Jesus andou entre os homens, Deus deu a três dos apóstolos um vislumbre dessa glória futura do reino no monte de transfiguração (Mt 17:1-9; 2 Pe 1:16-18). “Quando despertaram, viram a Sua glória (Lc 9:32). Essa glória do reino do Senhor será compartilhada com a Igreja, pois Ele a associará Consigo na administração do mundo vindouro. Sob a figura de uma “cidade” que desce dos céus – “tinha a glória de Deus” – a Igreja como a noiva de Cristo refletirá a glória do reino de Cristo diante do mundo (Ap 21:9-22:5; Rm 8:18).
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Em conexão com o estado final dos santos, “glória” refere-se à excelência que se manifestará em sua condição glorificada – no espírito, na alma e no corpo. Cristo foi glorificado dessa maneira quando Ele ressuscitou dentre os mortos e ascendeu à mão direita de Deus (At 3:13; 1 Pe 1:21; 1 Tm 3:16), mas os Cristãos e os santos do Velho Testamento aguardam esta glorificação, que não ocorrerá até que Cristo venha – o Arrebatamento (Rm 8:17-18; 1 Co 15:43, 51-56; 2 Co 5:1-4; Fp 3:21; 1 Ts 4:15-18; Hb 11:40; 1 Jo 3:2). Finalmente, todos os que irão povoar os “novos céus e nova Terra” também serão glorificados (2 Pe 3:13; Ap 21:1).
Na mente de muitos Cristãos, “glória” é sinônimo de céu. Eles falam dela como se fosse um lugar no céu onde Deus habita, para o qual um crente vai depois que morre. Muitos hinos refletem essa ideia equivocada – como: “Venham juntar-se a esse grupo santo que segue para a glória” (Hinário Ecos de Glória n° 29). Ou, “Ninguém pode ir para a glória, nem habitar com Deus acima...” (n° 307). No entanto, na Escritura “glória” é uma condição, não um lugar. Muitas traduções não ajudam o assunto, pois afirmam que Cristo foi “recebido acima na glória” em Sua ascensão (1 Tm 3:16). Mas essa é uma tradução errada; o versículo deveria dizer que Ele foi recebido “em glória”, o que significa que Ele subiu ao céu em uma condição glorificada.
Usando as expressões “em glória” e “na glória” do modo como os Cristãos geralmente usam, confunde o estado atual dos santos que partiram com seu futuro estado de glorificação. Os crentes que partiram estão no céu com o Senhor agora, mas ainda não estão lá em glória (num estado glorificado). O corpo deles ainda está no túmulo, aguardando a ressurreição. J. N. Darby disse: “O estado intermediário, então, não é a glória (para isso devemos esperar pelo corpo; ele é ressuscitado em glória, Ele irá mudar nosso corpo, e moldá-lo como o Seu corpo glorioso)” (Collected Writings, vol. 31, pág. 185). Assim, seria incorreto dizer que os santos que partiram estão “em glória”. Há somente um Homem que está glorificado agora – o próprio Cristo (At 3:13; Fp 2:9-11; 1 Tm 3:16; 1 Pe 1:21).

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A “glória” (Shekinah em hebraico) refere-se à presença visível de Jeová habitando sobre o arraial de Israel no deserto (Êx 13:21-22) e sobre o templo na terra de Canaã (2 Cr 5:13-14). Shekinah é uma palavra hebraica, não encontrada na Escritura, que significa “habitação” ou “presença” (Rm 9:4). Por causa do fracasso de Israel, a nuvem de glória foi removida deles, significando que Deus não poderia mais Se identificar publicamente com Seu povo errante. A nuvem de glória foi removida lentamente, mostrando a relutância do Senhor em Se retirar do Seu povo. O Senhor desejava morar com eles, mas eles estavam em um estado tal que isso não era mais possível. A nuvem de glória foi removida deles em sete etapas:
  • Ela estava sobre o “querubim” no santuário (Ez 8:4, 9:3a).
  • Ela se removeu para a entrada da casa” (Ez 9:3b – TB).
  • Ela se removeu para sobre a entrada da casa” (Ez 10:4 – TB).
  • Ela se removeu de sobre a entrada da casa” (Ez 10:18 – TB).
  • Ela se removeu “do meio da cidade” (Ez 11:23a – TB).
  • Ele se removeu para “sobre o monte que está ao oriente da cidade” (Ez 11:23b).
  • Ela se removeu para o “vale” em Babilônia “junto ao rio Quebar” (Ez 3:23).